sexta-feira, 14 de maio de 2010

No início de visita a Nampula, em Erati

Um funcionário do Estado naquele distrito, propôs ao chefe do Estado para aproveitar a ocasião e fazer uma visita relâmpago às residências dos dirigentes locais, para poder notar o nível de vida que os mesmo gozam, sobretudo o tipo de viaturas pessoais que usam com recurso a fundos públicos e dos famosos “7 milhões”. O mesmo cidadão entregou um “dossier” ao chefe do Estado, contendo os montantes desviados pelas autoridades locais. O conteúdo do documento, em termos de valores, não foi tornado público.

Nampula (Canalmoz) – Num momento em que em Maputo corre com insistência em meios intelectuais e políticos que desde que Guebuza é Presidente da República o célebre combate à “pobreza absoluta” não permitiu reduzir mais do que um porcento (1%) da pobreza absoluta real, estando até a fazer com que as instituições responsáveis pela informação se estejam a desdobrar em exercícios para esconder a infortunada realidade e a tentar manipular a amostra para que se possa falsear o cálculo por forma a que a desproporção entre o espalhafato em torno do combate a pobreza absoluta não seja ridicularizado pelo resultado ao fim de seis anos, o discurso de combater a “pobreza espiritual para vencer a pobreza material” é agora o novo mote e está a marcar os encontros do chefe do Estado com os cidadãos, neste seu segundo mandato de governação. Armando Guebuza, que se encontra, desde ontem, em “presidência aberta” na província de Nampula, afirmou, na sede do posto administrativo de Alua, distrito de Eráti, que a pior pobreza que se pode enfrentar é a “pobreza espiritual”.
Guebuza entende que “pobreza espiritual” é aquela em que o indivíduo se abstém de fazer alguma actividade com vista a melhorar as suas condições socioeconómicas, alegando ser pobre materialmente.
“A pobreza grave é pensar que não podemos vencer a pobreza. A pobreza do espírito é pior” – explicou Armando Guebuza, para quem “é preciso acreditarmos que a pobreza pode acabar”. “Devemos acreditar em nós, para vencermos as fraquezas espirituais e a pobreza”, recomendou o chefe do Estado.

Agradecimentos pela vitória

Para além de falar da necessidade de combater a pobreza, seja ela qual for, o chefe do Estado disse ser um dos principais objectivos da “presidência aberta” do presente ano o agradecimento ao povo moçambicano, por mais uma vez o ter reeleito, assim como ao seu partido.
“Queremos agradecer-vos pelo vosso voto. Vocês participaram nas eleições no ano passado e são responsáveis pela nossa vitória” – afirmou.
Mais adiante, o PR apelou aos presentes no comício, realizado na sede do posto administrativo de Alua, para que evitem abster-se nos processos de votação, “porque vocês votam nos vossos dirigentes, tanto a nível da provincial, como a nível nacional e para a própria Assembleia da República”.

O problema dos “sete milhões”

Neste que foi o primeiro diálogo que o chefe do Estado teve com a população da província de Nampula, mais uma vez foi criticada a forma como é gerido o famoso Fundo de Investimento das Iniciativas Locais (FIIL), valor atribuído aos distritos para a produção de mais comida e de mais postos de trabalho.
Por exemplo, um senhor que se identificou como Mário denunciou a gestão danosa dos “sete milhões”, em Eráti, e disse ao PR que “assim, não sei o que me vai acontecer, por ter dito que aqui a gestão do FIIL é danosa”.
O senhor Mário, que é igualmente funcionário do Estado naquele distrito, propôs ao chefe do Estado para aproveitar a ocasião e fazer uma visita relâmpago às residências dos dirigentes locais, para poder notar o nível de vida que os mesmo gozam, sobretudo o tipo de viaturas pessoais que usam com recurso a fundos públicos.
Por seu turno, o Presidente da República explicou que os “sete milhões” atribuídos aos distritos são para toda a população, para que ela possa melhorar as suas condições de vida.
Em termos concretos, o PR não deu nenhuma resposta ao cidadão que apresentou o problema da gestão dos “sete milhões” e a proposta de ir observar as tais viaturas pessoais obtidas com fundos do Estado.
O mesmo cidadão entregou um “dossier” ao chefe do Estado, contendo os montantes desviados pelas autoridades locais. O conteúdo do documento, em termos de valores, não foi tornado público.
O distrito de Eráti está sem administrador há cerca de um mês, devido ao facto de o anterior titular da pasta, Agostinho Chelua, ter cessado as funções e, até à data, ainda não ter sido nomeado o seu substituto.
Agostinho Chelua já foi, há tempos, considerado como sendo exemplo de um bom gestor dos “sete milhões”. in CanalMoz Maio de 2010

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